Ilustrativo. Li em e-book.
Tá aí uma obra que sempre gera polêmica. Afinal, como não geraria? O livro descreve os sentimentos e pensamentos mais obscuros de um homem, Humbert, de meia-idade que se apaixona perdidamente por uma menina de doze anos. O nosso narrador é um pedófilo e foi isso que tornou este livro tão notável desde seu lançamento.
Lolita, luz de minha vida, fogo de meu lombo. Meu pecado, minha alma. Lolita: a ponta da língua fazendo uma viagem de três passos pelo céu da boca, a fim de bater de leve, no terceiro, de encontro aos dentes. LO. LI. TA. Era LO, apenas LO, pela manhã, com suas meias curtas e seu um metro e quarenta e oito centímetros de altura. Era Lola em seu slacks. Era Dolly na escola. Era Dolores quando assinava o nome. Mas, em meus braços, era sempre Lolita.

Lolita é um livro para poucos, apesar de ser um clássico. Faz-se necessário ter um estômago forte para acompanhar a evolução da loucura de Humbert, para ler os diversos atos que realiza e as crueldades existentes neste livro. Um leitor que inicie Lolita com pré-julgamentos e muitas aversões, com certeza, abandonará esta que pode ser uma leitura fantástica. Muitas pessoas, que claramente não leram a obra, acreditam que Lolita faz apologia à pedofilia, mas, pelo contrário, é uma denúncia do que ocorre por vários cantos do nosso mundo.

Uma denúncia não somente de uma doença, mas de um tipo de amor: o amor insano e doentio. Esta é uma faceta do amor que muitas pessoas preferem fingir que não existe, mas, lendo Lolita, você não consegue se enganar. Por ser narrado por Humbert, lemos o seu ponto de vista sobre o ocorrido e percebemos, em diversos momentos, o remorso e a clareza de que está fazendo algo errado, apesar de que, em muitas vezes, Lolita também provoca e é perversa.

Nabokov nos faz sentir um misto de sentimentos durante a leitura. É difícil até de julgar Humbert pelos seus sentimentos. Li algumas resenhas e percebi que os leitores possuem diferentes conclusões sobre “quem é mocinho”, “quem é vilão” e se isso realmente existe nesse livro. Mas, para mim, H.H. é um sujeito condenável à perpétua, pois, simplificando a história, ele destruiu a infância de alguém.

 As descrições, os eufemismos, a maneira poética como o autor escreveu este livro... Foi demais. Adorei. Uma observação: há quem acredite que este é um romance erótico, mas não o é. O máximo que sugere erotismo ocorre em um dos capítulos inicias do livro, porém termina por ali. Humbert consegue ser nojento e odioso o suficiente sem precisar descrever minuciosamente o que ocorria.

Por fim, é um livro muito bom! Recomendo para quem o aguente. Sempre tive curiosidade de lê-lo e não me arrependo.



Ontem assisti a um filme muito interessante e precisava vir aqui comentar sobre ele.  Gosto de assistir e ler sobre o holocausto, guerras e sistemas totalitários, e, desta vez, assisti a um filme diferenciado: como vários filmes, este também é baseado em um diário, mas, desta vez, é de uma mulher alemã. E ela não estava escondendo um judeu em sua casa ou coisa do tipo. Ela simplesmente morava em Berlim e decidiu escrever um diário quando os russos ocuparam a cidade, no final da Segunda Guerra, para relatar a vida miserável que levava e os repetidos estupros que precisava suportar.

Esta mulher, sem nome, escreve sobre todos os momentos de convivência forçada com os russos, as dificuldades para arranjar comida, o medo interminável de Hitler ter “esquecido” de Berlim, e a violência sexual que ela, e outras alemãs, jovens e idosas, sofriam. É um filme forte, que não recomendo para menores de idade ou pessoas frágeis; apesar de não possuir cenas explícitas, eu o considero pesado por causa do seu conteúdo. São mulheres, casadas, esperando os maridos voltarem da guerra e que são estupradas inúmeras vezes por pessoas diferentes simplesmente para agrado dos soldados. A nossa protagonista decide tentar se adaptar à situação e acaba se envolvendo com um oficial russo de alto escalão para “garantir” proteção a ela.

Os russos, literalmente, transformaram Berlim em um bordel, e o respeito, não só pelas mulheres, mas pelos homens que, muitas vezes, já haviam voltado para suas casas, era inexistente. As mulheres sabem que, ao perderem a guerra, elas viraram “propriedade dos russos”, ou seja, elas possuem consciência das atrocidades que o exército russo pode fazer. Não sei se é de conhecimento geral, mas a violação de mulheres do povo inimigo não era considerado um crime de guerra para os russos (e nem para os americanos).

O filme é baseado em um livro homônimo, lançado em 1959, e, na época de seu lançamento, não foi bem aceito pelos alemães, gerando um escândalo enorme por causa do seu conteúdo. Acredito eu que ninguém queria lembrar de tanta vergonha e humilhação sofrida. Muitas das mulheres conversavam com a protagonista e afirmavam que nunca iriam contar para seus maridos, para que eles não sentissem nojo delas.

 Os comentários da época do lançamento do livro na Alemanha eram de que este era um insulto às mulheres alemãs. A autora do diário não entendeu tamanha rejeição e acabou proibindo publicações posteriores enquanto ainda estivesse viva. Segundo os créditos do filme, a autora já faleceu porém ainda não se sabe qual é o seu verdadeiro nome.

Eu gostei bastante de conhecer a história desta mulher, e de tantas outras que ela compartilhou conosco, e de saber um pouco mais sobre os tempos de guerra. Acredito que seja um bom filme para quem gosta da temática. Tive certa dificuldade em encontra-lo, portanto creio que não seja muito conhecido no Brasil, mas valeu a pena a procura. Este filme é muito rico e tenho certeza que não deixará ninguém indiferente quanto as situações sofridas por estas mulheres.

“Wie oft?”, ou “Com que frequência?” se converteu em uma das frases mais ouvidas e entendidas na capital alemã, mas seu significado ia mais longe e implicava uma dor quase impossível de explicar: “Quantas vezes você foi estuprada por soldados russos?”.

Vocês encontram o trailer legendado em inglês AQUI


Nesses dias chegou mais uma prova de um dos lançamentos da Editora Novo Conceito e, desta vez, as nossas primeiras impressões devem ser sobre um livro que pretende abordar temáticas como bullying e suicídio, ou seja, um livro que pretende ser intenso e arrebatador.

Sam e Hayden se conhecem desde crianças e são melhores amigos desde sempre. Eles são estereótipos perfeitos para gozações: um é alto e desajeitado e o outro é gordinho. Ambos sofrem com o bullying, mas a amizade deles os faz enfrentar isso juntos. Até que Hayden comete suicídio após uma festa.

Depois da morte de Hayden, Sam se isola ainda mais e tenta entender o que aconteceu. Mas não consegue. Ele passa o tempo escutando a playlist que seu amigo deixou para ele, sem conseguir descobrir nenhuma mensagem secreta nela, nada além do fato de que Hayden gostava de algumas músicas que Sam não sabia.

Ao mesmo tempo, Astrid começa a se aproximar de Sam para ajuda-lo a superar isso, se apresentando como uma suposta amiga de Hayden, o que o deixa confuso. E para completar a confusão do garoto, alguém está usando o nick de Hayden no chat que era somente dos dois, alguém está se intrometendo no refúgio dele e seu melhor amigo.

"Aquimago_Ged: Muitas pessoas querem ser invisíveis. Talvez elas até pensem que podem fingir que são. Mas sempre alguém as vê."

A playlist de Hayden parece ser uma aventura eletrizante que trata de temáticas importantes no cotidiano das crianças e adolescentes. E no nosso também, é claro. Muitas vezes não percebemos o quão importantes são as nossas ações para a vida do outro, não nos damos conta do quanto o que fazemos pode afetar totalmente outra pessoa. Com uma escrita simples, e até aonde li, bem viciante, esta promete ser uma história das boas.

Desde que conferi a sinopse, pensei em Os 13 porquês, uma das melhores leituras que já fiz. É um livro pequeno, simples, mas cheio de significados e que nos toca no fundo da alma. Pela amostra que tive de A playlist de Hayden, acredito que este também cumprirá bem seu papel. Li poucos livros com esta temática, mas acredito que ela seja importante para disseminar, principalmente entre os mais jovens, por causa do ambiente escolar, questões envolvidas com o bullying e para que, talvez, essa prática um dia acabe.


Ansiosíssima para terminar a leitura! E vocês, o que estão lendo?

Ps.: Desculpem-me pela falta de postagens, é pouco tempo para ler e muita coisa para estudar na faculdade. Logo volto com mais resenhas e novidades!


A mais pura verdade conta a história de Mark, um menino de doze anos que está doente e que, independentemente das consequências, decide realizar seu maior sonho antes que a sua doença piore ainda mais, pois ele sabe que muitas pessoas nunca conseguem se recuperar dela.

Acompanhado de seu cachorro Beau e de alguns itens materiais, Mark foge de casa em busca da concretização do seu último desejo: escalar o Monte Rainier. E, enquanto ele é movido pela vontade de ser uma criança normal e não precisar se preocupar com dores constantes, sua melhor amiga, que conhece o seu plano, começa a duvidar se guardar este segredo é uma boa alternativa; afinal, os pais de Mark estão extremamente tristes e ela sabe disso.

" O que uma amiga deveria fazer? Como ajudar quando ajudar e ferir são a mesma coisa?"

Este é um dos lançamentos mais aguardados da Novo Conceito, principalmente para os blogueiros que se candidataram a parceiros desta editora, pois ela liberou para nós uma prova do livro na qual conseguimos ler alguns capítulos do livro e que nos deixou com um gostinho de “quero mais” no final.

O livro é narrado por Mark, sendo que, por ele ser uma criança, a escrita é simples e direta. Desde o início, o livro nos envolve com uma escrita fluída e bom conteúdo, abrangendo questões acerca da vida, da amizade, da generosidade, etc. As personagens são bem construídas e Beau, o cachorro, é um diferencial muito interessante e que acrescenta fofura para a história, além de que a aproxima da realidade, pois as crianças são muito apegadas aos seus animais. Eu me emocionei e gostei bastante até aqui. Aparentemente Dan Gemeinhart está fazendo um bom trabalho, me resta terminar de ler esta história para averiguar.


A mais pura verdade está previsto para ser lançado no dia 23 de março e já está em pré-venda nas livrarias. Fica a dica!

Beijos.


Título original: Белые ночи
Tradutor: Não especificado
Páginas: 96
Coleção Biblioteca de Ouro da Literatura Universal

Além de ser meu primeiro contato com a literatura russa, Noites Brancas também é um de meus livros mais queridos por causa de sua simplicidade e a força que possui em transpor os sentimentos das personagens para os leitores. Como indiquei Dostoiévski para ser o autor que lerei referente a Rússia no projeto Lendo o Mundo, decidi reler esta obra antes de adentrar em outra, pois considero, assim como vários admiradores da literatura russa, que este é um livro introdutório para as demais obras do autor.

Em São Petersburgo, ocorre nas noites de verão um evento denominado noites brancas; são noites nas quais praticamente o sol não se põe. Em uma destas noites, nosso narrador e protagonista, após perambular pelas ruas, encontra chorando uma moça, Nastenka, pela qual se apaixona perdidamente. Ambos concordam em se encontrar novamente e em poucas noites eles compartilham suas vidas e tornam-se pessoas tão próximas de tal modo como se tivessem se conhecido há vinte anos. Nastenka impõe àqueles encontros uma condição: de que nosso protagonista viesse somente por amizade. Mas como poderia ele ignorar o sentimento mais 
extravagante que já ousou ter?

“Sou um sonhador; a minha vida real é tão reduzida que momentos como estes que agora vivo são para mim de tal modo preciosos que não poderei evitar de os reproduzir nos meus sonhos. Sonharei consigo toda a noite, toda a semana, todo o ano.”

A característica marcante nesta, e em outras obras do autor, é a existência de discursos calorosos, nos quais conhecemos no íntimo o que pensam as personagens. É por causa deles que, apesar de possuir meras 96 páginas, este não é um livro raso; é, na verdade, um dos livros mais tocantes que já li. Profundo na medida certa, é uma leitura breve, mas que faz diferença. Noites Brancas é a obra que mais aproxima Dostoiévski do romantismo e figura entre meus livros prediletos desde 2009, quando o li pela primeira vez.

Asseguro-lhe que todos nós já fizemos parte desta história alguma vez. Talvez no papel do sonhador, talvez no de Nastenka. Sem me aprofundar, digo somente que é importante se lembrar de nossos erros e acertos ao ler Noites Brancas. Isso torna a experiência ainda mais maravilhosa.

“Meu Deus! Um minuto inteiro de felicidade! Afinal, não basta isso para encher a vida inteira de um homem? ...”

Por fim, termino agradecendo imensamente a pessoa que me presenteou com esta linda obra. Obrigada, pela oportunidade e por ter feito parte da minha vida. Como você mesmo disse em sua dedicatória: “Não ligo em ser uma página virada, desde que esta página seja daquelas com dobrinhas para marcar.”.


Ps.: Para quem quiser começar a ler Dostoiévski, indico ler esta postagem do blog do Pablo Gonzalez, que considero bem informativa e útil. Boas leituras!


Título original: Mao’s last dancer
Tradutor: Não especificado
Páginas: 406
Editora: Fundamento

Atualmente, a China é um dos países em maior ascensão no cenário econômico, mas nem sempre foi assim. Isso só foi possível a partir da década de 80, porém anteriormente a China era uma república socialista fechada, proveniente da revolução de Mao Tsé-Tung de 1949.

Adeus, China é a autobiografia de um menino pobre que viu sua vida mudar totalmente ao ser convocado pelos conselheiros culturais de madame Mao para estudar na Academia de Dança de Pequim. Lá, Li Cunxin tornou-se um bailarino excepcional e teve a oportunidade de orgulhar toda a sua família. Conseguiu alcançar um futuro inesperado para alguém de sua classe. Aqui, ele nos conta a sua trajetória, como era a China de Mao e como é a China que ele visitou anos depois.

Escrito em primeira pessoa, de maneira leve e sem rodeios, o autor nos descreve muitos aspectos importantes da sua vida que o transformaram no que ele é hoje. O livro é dividido em três partes: infância, Pequim e ocidente; sendo que todas possuem traços singulares que nos encantam durante a leitura.

Li Cunxin teve uma infância triste e pobre, e sua família, apesar de praticamente não possuir nada diferente de inhame seco para comer, se considerava sortuda simplesmente por não estar entre as 30 milhões de pessoas que morreram devido à fome e doenças que assolaram a China de Mao Tsé-Tung. Ele também enfrentou uma vida difícil sozinho em Pequim, enfrentou dores constantes e mesmo assim seguiu em frente, para orgulhar seus pais, o dia e a niang. Após muito esforço, conseguiu vislumbrar um mundo completamente distinto ao visitar o Ocidente e começou a refletir sobre suas opiniões políticas a partir de então.

Esta é uma história que não me esquecerei tão facilmente. O orgulho que eu sinto por essa pessoa, por mais que não a conheça, é imenso. São indescritíveis as sensações que me vieram durante a leitura de Adeus, China. Li Cunxin, com certeza, é um guerreiro, por conseguir superar todas as dificuldades de sua vida, tanto físicas quanto emocionais, e poder retribuir todo o amor que seus pais ofereceram a ele.  

Seria difícil retratar sua infância sem citar o governo de Mao e, como o livro foi publicado fora da China, o autor explica vários detalhes acerca do governo e da cultura do país. É muito interessante perceber como os rituais chineses foram mudando em tão pouco tempo, mas eles nunca deixaram de ser um povo muito místico.

Após muita dor, física e mental, tristeza, pobreza e tragédias, Cunxin vê sua vida tomar um rumo outrora inacessível, graças a um governo mais aberto e muita coragem e bravura. É a história de um herói, de um guerreiro, com certeza. Vale a pena ser lida, pelos amantes de biografias, literatura ou por quem quer se aventurar em uma cultura totalmente diferente da nossa. As partes referentes ao balé também são incríveis. Adorei, mesmo. 


Para complementar a leitura, é interessante procurar na internet por Li Cunxin: no Youtube, há vídeos de suas apresentações como bailarino; no Google, encontram-se várias fotografias, algumas antigas e outras atuais. Além do livro, o autor também teve sua vida retratada em um filme denominado “O último dançarino de Mao”, que espero assistir em breve.

Eu participo!
Esta leitura faz parte do projeto Lendo o Mundo. Para saber mais sobre, clique na figura acima.


Em uma dessas noites chuvosas, cansada de ler e de assistir seriados, decidi aproveitar o Photoshop enquanto ainda tenho a versão trial dele (faltam 09 dias para terminar). Costumo colecionar frases no Word e transformei algumas em capas para o Facebook, que disponibilizei nesta postagem para uso geral. Se alguém tiver ideias semelhantes, pode comentar aqui; adoro brincar nesse programa!






Clique na imagem para que ela fique com o seu tamanho original.
Beijos!