Título original: Looking for Alaska
Tradutor: Rodrigo Neves
Páginas: 232
Editora: Martins Fontes

Miles Halter era um garoto não muito popular no seu colégio na Flórida e, segundo ele, sua vida era medíocre; o que o fez tomar a decisão de ir para um internato no Alabama, o mesmo que o seu pai estudou. Seus pais não sabiam o porquê de o menino querer ir para tão longe: a mãe desconfiava que era por causa que ele não tinha amigos e o pai, que Miles queria seguir seus passos. Mas, antes de partir, o garoto explica que estava em busca do Grande Talvez.

O Grande Talvez. Miles descobriu isso lendo a biografia de um poeta, que teve como últimas palavras “saio em busca de um Grande Talvez”; ele adorava ler biografias, por mais que não fosse ler nada sobre o autor que estava lendo ou não conhecesse muito bem o trabalho do artista: ele gostava era de saber quais foram suas últimas palavras.
“Pois é, cada qual tem seu talento. Eu consigo memorizar coisas.  E você...?” “Bem, eu sei as últimas palavras de um monte de gente.” Era meu prazer secreto, colecionar últimas palavras. Havia quem comesse chocolate; eu lia esse tipo de coisa.
O Grande Talvez chega junto com seus novos amigos, entre eles destacam-se o Coronel e Alasca. Cada um tinha um apelido, menos Alasca, pois ela, por si só, já era extasiante. Seu jeito único, sua forma de falar, sua ambiguidade... Ingredientes perfeitos para que Miles, vulgo Gordo, encontrasse sua primeira paixão.
“Às vezes, não entendo você”, eu disse. Ela nem mesmo olhou para mim. Apenas sorriu para a tevê e disse: “Você nunca me entende. Essa é a graça.”
Dividido em duas partes e narrado por Miles, Quem é você, Alasca? retrata as primeiras vezes dele: suas primeiras aventuras, seus primeiros amigos, seu primeiro amor. É um livro pequeno, mas em suas páginas há muita diversão e tristeza, um misto de sentimentos e uma confusão que os adolescentes conhecem muito bem.

Todas as personagens são bem desenvolvidas e únicas: enquanto Miles é ingênuo e o Coronel é travesso, Alasca é extravagante. Em vários sentidos. Não que eu acredite em signos, mas me identifiquei bastante com ela em algumas características que dizem ser do meu signo, então eu diria que ela é geminiana... hehe. Além dessa ambiguidade inerente à personagem, ela traz traços fortes, entre eles, ser feminista. São detalhes que acrescentaram bastante nas reflexões propiciadas pela leitura.
O livro traz muitas reflexões acerca de questões fundamentais sobre a vida. É bom para pensar. Uma leitura leve, rápida, divertida e um pouco agoniante, mas que traz algo de útil; diferente de muitos outros romances juvenis que estão nas prateleiras. Claro que algumas partes foram ilusórias como, por exemplo, um policial contar detalhes como os que contou somente porque uma pessoa afirmou ser irmão de outra. É incabível com a realidade, mas é só uma particularidade. 
Por fim, não consegui me apegar direito aos personagens, não consegui chorar nos momentos em que provavelmente deveria, mas consegui pensar, refletir, sobre coisas realmente importantes. E, para um livro com essa quantidade de páginas, me é suficiente. 
“Como sairemos deste labirinto de sofrimento?”



Oi pessoal, tudo bem? Desta vez, trouxe a coluna com o livro O Fio da Vida, de Kate Atkinson, que ganhei como presente no final do ano passado. 

Fiquei bem ansiosa para lê-lo, pois ele foi vencedor do Costa Book Prize, ficou bastante tempo na lista dos mais vendidos da Inglaterra e dos EUA. Foi também eleito o melhor livro de 2014 pela revista Time e pelo jornal The Independent, um dos cinco melhores do romances de 2013 para o The New York Times e, finalmente, está entre os dez melhores de 2014 pelos jornais The Guardian e USA Today. 

Bem, com um livro tão bem sucedido, eu estava cheia de expectativas!

Primeira frase da página 100:

Como a página 100 do livro é uma folha em branco, peguei a da 99.

“Uma mulher grande com antebraços de foguista acordou o dr. Fellowes batendo uma xícara e um pires na mesa de cabeceira perto da cama e puxando as cortinas, ainda que estivesse escuro lá fora.”

Do que se trata o livro?

O livro acompanha a jornada de Ursula Todd, uma mulher que possui a oportunidade de reviver seus momentos várias vezes, mudar suas escolhas e refazer sua trajetória. Ele começa, inclusive, com Ursula atirando à queima-roupa em Hitler. Porém, logo retorna para 1910 em uma noite de muita neve na qual Ursula nasce, e morre ao nascer; sendo este o primeiro momento que ela possui a oportunidade de alterar.

O que está achando até agora?

 Para ser bem sincera, eu esperava algo um pouco diferente. Estou achando a escrita da autora boa, um pouco poética, porém a história está sendo muito detalhada e com detalhes que, a meu ver, não são relevantes para a jornada da protagonista.
Já passei da página 100 e até agora estou lendo sobre um período que Ursula possui entre 4 e 5 anos, e retornando às vezes para o ano de seu nascimento, sendo que de pouco se falou acerca do descobrimento do seu “poder”.  Um indício foi citado apenas uma única vez.

O que está achando da personagem principal?

Como até agora Ursula é ainda uma criança, estou achando-a simplesmente uma menina fofa e ingênua, que sofre nas garras do irmão mais velho.

Melhor quote até agora:
Nenhuma respiração. O mundo inteiro se resume a isso. Uma respiração. Pequenos pulmões, como asas de libélula sem conseguir inflar na atmosfera desconhecida. Nenhum ar no tubo estrangulado. O zumbido de mil abelhas na minúscula pérola enrodilhada de um ouvido.
Vai continuar lendo?

Apesar de até agora a leitura não estar instigante, vou sim, afinal acredito que o ápice da história será quando Ursula estiver na sua fase adulta e, espero, conseguir manejar da maneira que quiser o seu dom.

Última frase da página:

“_ Um fazendeiro foi pisoteado por um touro.”

E vocês, o que estão lendo?
Beijos!


Título original: The puppet boy of Warsaw
Tradutor: Ivar Panazzolo Júnior
Páginas: 400
Editora: Novo Conceito

Esta é a história de um casaco. Não, de um menino. Melhor, de uma guerra e seus resquícios. Vou explicar certinho: tudo começou no início de março de 1938, um ano no qual os judeus ainda podiam circular livremente por Varsóvia; o avô de Mika tinha acabado de ser promovido para professor universitário e, como comemoração, fez um casaco sob medida pra si. Quando a guerra atingiu Varsóvia e os alemães conquistaram a cidade, este casaco mostrou ter mais importância para a família de Mika do que pensavam. Com o tempo, os judeus foram perdendo seu espaço e não tendo mais direito a possuir suas lembranças, então o avô de Mika construiu bolsos internos no seu casaco para preservar coisas importantes como livros, fotografias, etc.
“Meu avô acrescentava bolsos e mais bolsos ao sobretudo. Certo dia, ele pensou em criar bolsos menores dentro dos maiores. Assim, mesmo que um bolso fosse revistado, eles não encontrariam aquelas camadas extras. Aos poucos, aquele casaco se tornou um imenso labirinto: este bolso era conectado com aquele, mas não com este aqui; aqui havia uma rota sem saída, e este outro levava da esquerda para a direita.”
Após a morte de seu avô, Mika herdou o casaco e, com ele, as lembranças. Em um bolso interno, começou a descobrir o mundo maravilhoso dos fantoches. Lá ele encontrou uma cabeça de papel machê com cabelos louros e lábios vermelhos e na despensa de sua casa, o local secreto do Vovô, encontrou mais fantoches, estes já prontos para a ação. Enquanto a situação para os judeus piorava, as doenças chegando e a esperança desaparecendo, Mika se envolveu cada vez mais com estes fantoches e trouxe um pouco de alegria para o gueto -local onde os judeus moravam- com o seu teatro. É claro que não é possível esquecer a guerra, mas afastar as mentes das crianças da situação terrível que estavam passando, ao menos por um tempinho, já era algo.
“A companhia dos fantoches nos ajudava a esquecer o mundo adulto por alguns momentos. Um mundo onde as pessoas criavam coisas feias, como um gueto para judeus. Um mundo que não conseguíamos entender.”
Em pouco tempo, todo o gueto já conhecia Mika, o menino dos fantoches, porém ele é abordado por um oficial alemão quando vai assistir a um concerto no gueto e sua vida é transformada para sempre.

Eu gosto muito de livros sobre a segunda guerra mundial, já li vários e esse conseguiu me surpreender. Mika é uma personagem fascinante, com os anseios de um garoto da idade, mas que, por causa da situação, vai se transformando rapidamente em um homem e sua inocência dá lugar à sede de vingança. Apesar de retratar um intervalo da história que foi difícil e cruel, a autora conseguiu escrever com a simplicidade e sutileza necessárias para que fosse uma leitura agradável e gostosa. 
"Conheci uma boa quantidade de homens e mulheres que, depois de uma noite de bebedeira, de maneira tímida ou com uma expressão ardente nos olhos, expunham um número azul tatuado em seus braços. Quanto a mim, não tinha nada para mostrar. Meus ferimentos foram entalhados diretamente no coração."
Além de Mika, várias outras personagens (que em uma primeira leitura considerei secundárias) também são interessantes e enriquecem este livro. Na verdade, percebi que Mika não é o protagonista desta história: é a guerra. O menino dos fantoches de Varsóvia aborda o antes, durante e depois de um período devastador e cruel, e transcende muitos livros do gênero, pois detalha as marcas que ficam não somente para as vítimas das potências do Eixo, mas também as que assombram os soldados da Alemanha (e os alemães em geral).

Não vou detalhar muito da história, pois o interessante deste tipo de leitura é degustar vagarosamente cada parágrafo que é lido e se surpreender com as informações que ali estão contidas. O livro é uma ficção, mas, além da imaginação da autora, lemos sobre sentimentos muito verdadeiros, e lugares também. O gueto, Treblinka, o levante, os monumentos... tudo é tão real quanto eu e você.

Como é possível perceber através do que já escrevi, esse livro me conquistou de uma forma que há muito tempo algum não fazia. Além de possuir uma boa história, é importante ressaltar que a sua formatação é muito boa: fonte, tamanho da letra e espaçamento adequados e, como é preferência de muitos leitores, as páginas são amareladas. Claro que a formatação não é tão importante quanto a história em si, mas ela consegue melhorar –e bastante– a qualidade de uma leitura.

Por fim, explicito que entrou na minha lista de favoritos e, é claro, que eu o recomendo.
"Sempre que você vir um casaco comum, pense no que pode existir em suas dobras, quais memórias podem estar escondidas em seus bolsos."
 


Título original: Inferno
Tradutores: Fernanda Abreu e Fabiano Morais
Páginas: 448
Editora: Arqueiro

Este livro apresenta a mais nova aventura do carismático Robert Langdon, professor de iconografia religiosa e simbologia da universidade de Harvard, famoso por ter protagonizado livros como Anjos e Demônios e O Código da Vinci. Desta vez, quem o acompanhada por sua jornada é a misteriosa doutora Sienna Brooks, que objetiva ajudá-lo a entender por que ele acordou em um hospital na cidade de Florença, na Itália, sendo que o mesmo se lembrava de estar nos Estados Unidos, e, é claro, por que ele levou um tiro na cabeça e alguém está querendo matá-lo.

Como o habitual, Dan Brown criou uma trama fascinante que ronda o mundo das artes. Desta vez, estamos envolvidos durante toda a leitura com o Inferno criado por Dante Alighieri na sua obra denominada Divina Comédia. Além disso, a história envolve também assuntos atuais como engenharia genética e superpopulação.
A verdade só pode ser vislumbrada através dos olhos da morte.
Por causa do estilo já tão conhecido de Dan Brown, a leitura fluiu muito bem. O livro possui algumas reviravoltas interessantes e aborda temáticas que me agradam e que, na verdade, já pensei bastante sobre. Gostei da leitura em si, porém pode ser um pouco previsível para quem já leu os outros volumes do autor.

Eu li certa vez em um livro do Maurício Gomyde trechos referentes à escritores que possuem uma fórmula para criar livros, que os fazem sem muita paixão, porém estão cientes de que estes serão um sucesso. Não sei se é o caso de Dan Brown, mas o fato de que todos os seus livros possuem estruturas muito semelhantes é incontestável. O bom é que, como o Maurício escreveu, “dá certo”. Segundo o USA TODAY, Inferno está no topo dos mais vendidos de 2013 e, recentemente, foi lançada uma edição especial ilustrada, que é muito bonita, por sinal.

Por fim, foi uma leitura agradável, porém, se eu pudesse dar uma dica para o Dan Brown seria a de inovar um pouco no modo em como estrutura seus livros. Não que o modo como o faz dê errado, muito pelo contrário, porém seria interessante ler algo diferente.