Título Original: Duma
Key
Tradutor: Fabiano Morais
Páginas: 664
Editora: Objetiva
Há quem não goste das obras de Stephen King, assim como há
quem diga que ele é um dos melhores escritores do gênero de horror. De fato, é
um autor que se destaca e merece ser lido ao menos uma vez, para que cada um
tire suas próprias conclusões. Duma Key é uma boa indicação, acredito. Lançado
há pouco tempo, em 2008, é um livro bastante apreciado pelos fãs do autor, mas
confesso que eu não o conhecia e peguei emprestado sem saber quase nada sobre.
O que intitula o livro, Duma Key, é o nome de uma ilha belíssima
na Flórida, reservada e subdesenvolvida, escolhida por Edgar Freemantle para
dar um novo rumo à sua vida. Edgar era um bem-sucedido empreiteiro civil, até
que um acidente em um canteiro de obras arranca seu braço direito e embaralha
seu cérebro. Ele poderia tentar retomar sua vida, mas, em um dos acessos de
raiva que ocorrem durante a recuperação, Edgar ataca sua esposa, que acaba por
pedir o divórcio.
Sem um braço e sem a pessoa com que passou casado por muito
tempo, ele se vê triste e decidido a tirar sua própria vida. Porém seu
psicólogo sugere algo diferente, que não machucaria sua ex-esposa e suas
filhas: uma mudança de cenário. Além disso, recomenda que Edgar volte a
desenhar –algo que o deixava muito feliz antigamente- para se proteger da solidão.
Na ilha, bem longe de Minnesota, aonde construiu sua vida ao
lado da esposa e filhas, Edgar se acostuma ao silêncio, ao som das conchas
batendo e a caminhar na praia, tentando construir uma nova rotina. Em suas
caminhadas, ele consegue avançar cada vez mais pela praia, pois sua perna ainda
dói devido ao acidente, e aos poucos, vai percebendo que há uma velhinha de
cadeira de rodas e um homem que a auxilia, e que ambos são seus vizinhos.
Junto com esses novos hábitos, Edgar retorna a desenhar,
conforme recomendação do psicólogo. Por sorte, seu braço que foi arrancado pelo
guindaste era o direito, e Edgar é canhoto. Porém, ao pegar seus lápis e
começar a tentar representar o pôr-do-sol de Duma Key, Edgar percebe que está
desenhando muito bem, melhor do que recordava.
E, aos poucos, outras pessoas vão percebendo isso, como a sua filha
Ilse, que o visita na ilha.
Mas seu talento repentino se releva ser algo de natureza
sombria, algo que não deveria ter despertado e que coloca muitas pessoas,
pessoas queridas, em perigo. Porém, é tarde para parar.
(...) Então, um dia se recordou do suficiente para pegar um lápis e fazer aquele primeiro traço hesitante no papel. Um horizonte, sem dúvida. Mas também uma fresta através da qual a escuridão poderia vazar.
Fazia tempo que eu não lia uma história que me prendesse
tanto, e que fosse tão gostosa assim. Duma Key é bem diferente do outro livro
que li do autor, Sob a Redoma, mas ambos trazem uma escrita espetacular e
enredos envolventes. Porém, como já comentei nesta postagem, muitas pessoas acham que os finais dos livros
deste autor são ilógicos e não conseguem fechar de boa forma o que o livro traz
por inúmeras páginas; isso aconteceu comigo ao ler Sob a redoma, achei o final
um pouco broxante em relação ao resto do livro, mas em Duma Key, eu acabei
gostando. É um sobrenatural mais aceitável, a meu ver.
Enfim, é um livro maravilhoso, considerado de terror, e que
acabou por assustar muitas pessoas que o leram, mas não teve esse efeito em
mim. Foi uma leitura gostosa e que eu faria novamente, pois este é um daqueles
livros que a cada vez que você lê, começa a ter uma percepção diferente,
aposto.
Eu o recomendo para todos os amantes do gênero e também para
quem quer começar a ler Stephen King por um livro agradável. (Já tive
experiências ruins com o autor, como em O
Apanhador de Sonhos)
