Título original: Белые ночи
Tradutor: Não especificado
Páginas: 96
Coleção Biblioteca de Ouro da Literatura Universal

Além de ser meu primeiro contato com a literatura russa, Noites Brancas também é um de meus livros mais queridos por causa de sua simplicidade e a força que possui em transpor os sentimentos das personagens para os leitores. Como indiquei Dostoiévski para ser o autor que lerei referente a Rússia no projeto Lendo o Mundo, decidi reler esta obra antes de adentrar em outra, pois considero, assim como vários admiradores da literatura russa, que este é um livro introdutório para as demais obras do autor.

Em São Petersburgo, ocorre nas noites de verão um evento denominado noites brancas; são noites nas quais praticamente o sol não se põe. Em uma destas noites, nosso narrador e protagonista, após perambular pelas ruas, encontra chorando uma moça, Nastenka, pela qual se apaixona perdidamente. Ambos concordam em se encontrar novamente e em poucas noites eles compartilham suas vidas e tornam-se pessoas tão próximas de tal modo como se tivessem se conhecido há vinte anos. Nastenka impõe àqueles encontros uma condição: de que nosso protagonista viesse somente por amizade. Mas como poderia ele ignorar o sentimento mais 
extravagante que já ousou ter?

“Sou um sonhador; a minha vida real é tão reduzida que momentos como estes que agora vivo são para mim de tal modo preciosos que não poderei evitar de os reproduzir nos meus sonhos. Sonharei consigo toda a noite, toda a semana, todo o ano.”

A característica marcante nesta, e em outras obras do autor, é a existência de discursos calorosos, nos quais conhecemos no íntimo o que pensam as personagens. É por causa deles que, apesar de possuir meras 96 páginas, este não é um livro raso; é, na verdade, um dos livros mais tocantes que já li. Profundo na medida certa, é uma leitura breve, mas que faz diferença. Noites Brancas é a obra que mais aproxima Dostoiévski do romantismo e figura entre meus livros prediletos desde 2009, quando o li pela primeira vez.

Asseguro-lhe que todos nós já fizemos parte desta história alguma vez. Talvez no papel do sonhador, talvez no de Nastenka. Sem me aprofundar, digo somente que é importante se lembrar de nossos erros e acertos ao ler Noites Brancas. Isso torna a experiência ainda mais maravilhosa.

“Meu Deus! Um minuto inteiro de felicidade! Afinal, não basta isso para encher a vida inteira de um homem? ...”

Por fim, termino agradecendo imensamente a pessoa que me presenteou com esta linda obra. Obrigada, pela oportunidade e por ter feito parte da minha vida. Como você mesmo disse em sua dedicatória: “Não ligo em ser uma página virada, desde que esta página seja daquelas com dobrinhas para marcar.”.


Ps.: Para quem quiser começar a ler Dostoiévski, indico ler esta postagem do blog do Pablo Gonzalez, que considero bem informativa e útil. Boas leituras!


Título original: Mao’s last dancer
Tradutor: Não especificado
Páginas: 406
Editora: Fundamento

Atualmente, a China é um dos países em maior ascensão no cenário econômico, mas nem sempre foi assim. Isso só foi possível a partir da década de 80, porém anteriormente a China era uma república socialista fechada, proveniente da revolução de Mao Tsé-Tung de 1949.

Adeus, China é a autobiografia de um menino pobre que viu sua vida mudar totalmente ao ser convocado pelos conselheiros culturais de madame Mao para estudar na Academia de Dança de Pequim. Lá, Li Cunxin tornou-se um bailarino excepcional e teve a oportunidade de orgulhar toda a sua família. Conseguiu alcançar um futuro inesperado para alguém de sua classe. Aqui, ele nos conta a sua trajetória, como era a China de Mao e como é a China que ele visitou anos depois.

Escrito em primeira pessoa, de maneira leve e sem rodeios, o autor nos descreve muitos aspectos importantes da sua vida que o transformaram no que ele é hoje. O livro é dividido em três partes: infância, Pequim e ocidente; sendo que todas possuem traços singulares que nos encantam durante a leitura.

Li Cunxin teve uma infância triste e pobre, e sua família, apesar de praticamente não possuir nada diferente de inhame seco para comer, se considerava sortuda simplesmente por não estar entre as 30 milhões de pessoas que morreram devido à fome e doenças que assolaram a China de Mao Tsé-Tung. Ele também enfrentou uma vida difícil sozinho em Pequim, enfrentou dores constantes e mesmo assim seguiu em frente, para orgulhar seus pais, o dia e a niang. Após muito esforço, conseguiu vislumbrar um mundo completamente distinto ao visitar o Ocidente e começou a refletir sobre suas opiniões políticas a partir de então.

Esta é uma história que não me esquecerei tão facilmente. O orgulho que eu sinto por essa pessoa, por mais que não a conheça, é imenso. São indescritíveis as sensações que me vieram durante a leitura de Adeus, China. Li Cunxin, com certeza, é um guerreiro, por conseguir superar todas as dificuldades de sua vida, tanto físicas quanto emocionais, e poder retribuir todo o amor que seus pais ofereceram a ele.  

Seria difícil retratar sua infância sem citar o governo de Mao e, como o livro foi publicado fora da China, o autor explica vários detalhes acerca do governo e da cultura do país. É muito interessante perceber como os rituais chineses foram mudando em tão pouco tempo, mas eles nunca deixaram de ser um povo muito místico.

Após muita dor, física e mental, tristeza, pobreza e tragédias, Cunxin vê sua vida tomar um rumo outrora inacessível, graças a um governo mais aberto e muita coragem e bravura. É a história de um herói, de um guerreiro, com certeza. Vale a pena ser lida, pelos amantes de biografias, literatura ou por quem quer se aventurar em uma cultura totalmente diferente da nossa. As partes referentes ao balé também são incríveis. Adorei, mesmo. 


Para complementar a leitura, é interessante procurar na internet por Li Cunxin: no Youtube, há vídeos de suas apresentações como bailarino; no Google, encontram-se várias fotografias, algumas antigas e outras atuais. Além do livro, o autor também teve sua vida retratada em um filme denominado “O último dançarino de Mao”, que espero assistir em breve.

Eu participo!
Esta leitura faz parte do projeto Lendo o Mundo. Para saber mais sobre, clique na figura acima.


Em uma dessas noites chuvosas, cansada de ler e de assistir seriados, decidi aproveitar o Photoshop enquanto ainda tenho a versão trial dele (faltam 09 dias para terminar). Costumo colecionar frases no Word e transformei algumas em capas para o Facebook, que disponibilizei nesta postagem para uso geral. Se alguém tiver ideias semelhantes, pode comentar aqui; adoro brincar nesse programa!






Clique na imagem para que ela fique com o seu tamanho original.
Beijos!


Título original: On mystic lake
Tradutor: Sylvio Deutsch
Páginas: 368
Editora: Novo Conceito

Annie Colwater sempre foi uma boa garota. Desde pequena, se importava mais em ajudar os outros a se sentirem bem do que em pensar nela mesma. Agora, com sua filha indo embora para Londres e seu marido declarando estar apaixonado por outra mulher e querer o divórcio, Annie precisa redefinir seus objetivos de vida. Foram vinte anos de amor e dedicação jogados fora. Tentou ser uma mãe e esposa perfeita e agora se vê sozinha... E totalmente perdida.

As pessoas partiam, e, se você amasse profundamente demais, com intensidade demais, a súbita ausência delas poderia gelar até sua alma.

No seu caminho de descoberta pessoal, ela retorna à cidade onde cresceu, Mystic, para ficar um pouco ao lado de seu pai, Hank. Ele a aconselha a esperar calmamente que Blake irá voltar, e é tudo o que Annie mais deseja: que ele perceba que aquilo é uma crise de meia-idade e volte para a casa. Para a família pela qual ela tanto lutou.

Enquanto isso, ela reencontra um velho amigo do colegial, Nick, e acaba por saber que a sua esposa, também amiga dela daquela época, Kathy, morreu faz oito meses. Abalado, Nick ainda não se recuperou da perda e não sabe como cuidar da filha pequena, Izzy, que acredita estar desaparecendo aos poucos e “não consegue” mais falar já faz um bom tempo.

Como ser mãe e esposa é tudo o que Annie sabia fazer, ela ajuda esta pequena família despedaçada a se reconstruir e, aos poucos, vai refletindo mais sobre si; sobre a Annie do passado e a do presente e o rumo que a sua vida tomou. E, quando tudo finalmente parece estar da maneira que deveria ser, ela se vê obrigada a tomar uma decisão difícil, daquelas que ninguém deveria ser obrigado a fazer.

Desde o início, simpatizei com a protagonista. Não é difícil imaginar o quanto alguém pode ficar abalado ao perceber que estava amando sozinho em um relacionamento que durou duas décadas. Kristin Hannah construiu uma trama complexa que aborda questões do mundo real e que nos faz refletir sobre nossos sonhos, a construção de uma família e o individualismo: é aceitável desistir de nós mesmos para se empenhar a construir algo em conjunto?

Havia dado tanto, a si mesma por inteiro e também todos os seus sonhos; tinha entregado tudo sem um murmúrio de protesto... e isso porque o amava tanto.

Annie é uma personagem muito bem construída e é perceptível o seu crescimento ao decorrer da leitura. Além dela, outras personalidades se destacam fortemente na obra, e eu preciso citar a pequena Izzy. Uma garotinha de seis anos que conseguiu me conquistar e me fazer ficar triste nos momentos certos.

Este poderia ser mais um livro qualquer em uma banca, porém a intensidade de detalhes que a autora conferiu para seus personagens, o modo como as cenas são narradas, a construção dos cenários... É tudo tão perfeito. É tão fácil de ler e de imaginar, e é tão feliz em uns momentos e triste em outros. Uma combinação perfeita, a meu ver.

Ao ler a sinopse, parece uma história clichê, mas eu garanto que Kristin Hannah conseguiu conferir a essa premissa uma profundidade admirável. Ela transforma o que poderia ser um livro de Nicholas Sparks (sem preconceitos, adoro Nicholas) em algo mais tocante e bem desenvolvido. É muito bom para refletir sobre a nossa vida e decisões, sobre o que une uma família e sobre as expectativas que os outros possuem de nós.

Pelo título, podem achar que o livro traz algum misticismo em si. Mas não. É a história de uma mulher real, que enfrenta problemas reais. A única coisa mística que pode haver nesse livro é referente a imaginação de uma criança, o que é totalmente compreensível. Mystic é o nome tanto da cidade quanto de um lago presente nela. A única coisa que achei estranha é adotarem durante todo o livro a grafia Mystic e somente no título colocarem Místico. Isso é agoniante.

Por fim, esta é a primeira obra que leio da autora e fiquei maravilhosamente encantada. Ela possui uma escrita cativante, que nos fisga desde as primeiras páginas. Cada dia eu queria ler “só mais um capítulo”. O único porém é o final apressado, que foi agradável, mas, tendo em vista o detalhamento da história, eu esperava algo melhor.


Li hoje no blog da Nadia, o Dançando entre Livros, sobre um projeto muito interessante. Não costumo participar de desafios, principalmente porque eles possuem uma data de término e isso me traz algumas sensações indesejadas. Então, além do fato de que este projeto nos faz sair um pouco do usual, que são as leituras nacionais ou norte-americanas, outra coisa que me agradou nele foi que ele não é um desafio, mas um projeto para a vida: o que importa é a experiência, o contato com diferentes culturas e escritores e, é claro, o divertimento. Sem pressa para acabar.

Os créditos são do blog Literature-se, da Mell Ferraz, e o objetivo é ler pelo menos um livro de cada país do mundo. Assim como ela, considerarei em minhas pesquisas os 193 países membros da ONU, o Vaticano, a Palestina, Taiwan, Saara Ocidental e Kosovo. Como não tenho muitas informações sobre grande parte desses países, de início deixarei aqui uma lista de livros que já esperava ler e tenho grande interesse e depois vou acrescentado os outros.

Se alguém tiver indicações sobre livros e autores, eu ficaria muito agradecida.

Afeganistão: Terra e Cinzas – Atiq Rahimi
África do sul: Nadine Gordimer
Alemanha: Humano, demasiado humano – Friedrich Nietzsche
Angola: Pepetela
Argentina: O Jogo da Amarelinha - Julio Cortázar
Austrália: Halo – Alexandra Adornetto
Áustria: Momentos decisivos da humanidade – Stefan Zweig
Brasil: Maurício Gomyde 
Canadá: Alice Munro 
Chile: Os detetives selvagens – Roberto Bolaño
China: Adeus, China – Li Cunxin (resenha 
Colômbia: Gabriel Garcia Márquez 
Dinamarca
Espanha: O Príncipe da Névoa - Carlos Ruiz Zafón
Estados Unidos: Contos de Imaginação e Mistério - Edgar Allan Poe
França: Os miseráveis – Victor Hugo
Hungria: O Zero e o Infinito – Arthur Koestler
Índia: George Orwell
Irã: Persépolis - Marjane Satrapi  
Irlanda: Oscar Wilde
Itália: O Pêndulo de Foucau – Umberto Eco
Japão: 1Q84 - Haruki Murakami
México
Moçambique: Mia Couto
Nigéria: Americanah – Chimamanda Ngozi Adichie
Noruega: Casa de Bonecas - Henrik Ibsen
Nova Zelândia
Países Baixos: O Diário de Anne Frank – Anne Frank
Paquistão: Eu sou Malala – Malala Yousafzai
Peru: Travessuras da Menina Má – Mario Vargas Llosa
Portugal: José Saramago
Reino Unido: Emma – Jane Austen / O Clube dos Suicidas - Robert Louis Stevenson
República Tcheca: Franz Kafka
Rússia: Lolita - Vladimir Nabokov (resenha
Serra Leoa: Muito longe de casa - Ishmael Beah
Suécia: Camilla Läckberg

Legenda:
 ● - Não tenho
● - Tenho
✓ - Lido

Para participar do projeto, entre no blog da idealizadora e inscreva-se. Para os países que eu somente citei o nome do autor, ainda não defini um livro do mesmo para ler, portanto, se alguém tiver dicas, eu agradeço. Boas leituras!


Ps.: Contem-me o que acharam do layout novo! Se ele parecer estranho no seu navegador, entre em contato comigo. 


Páginas: 192
Editora: Novo Conceito

Quem gosta de ler já está acostumado a levar algum livro pra qualquer parte, só para ter algo o que fazer caso a espera na fila dos Correios seja grande ou, como foi nessa situação, sobre tempo naquela viagem de férias para o outro lado do país. É claro que eu não esperava estar no nordeste e ler um livro grandão, né? Então escolhi um livro pequeno, com uma capa bonita e divertida e uma sinopse interessante. Para completar, o autor era nacional. Perfeito!

Já faz algum tempo que eu quero investir mais nos livros nacionais, para simplesmente reconhecer o trabalho árduo destes autores que sofrem para publicar aqui no país (segundo o que leio na blogosfera). A Máquina de Contar Histórias foi um ótimo início, pois é um livro leve, divertido e traz uma lição bacana: valorizarmos quem está ao nosso redor.

Esta é a história de Vinícius Becker, um escritor famoso que, após ser negligente com a sua família, tenta reconquistar o amor das filhas. Por causa de sua fama, Vinícius está sempre atarefado com eventos e outras coisas relacionadas a seus livros, todos best-sellers, possuindo, portanto, pouco tempo para passar com sua esposa e filhas; o que já seria motivo o suficiente para ser odiado em casa. Porém, tudo piora para Vinícius quando, na noite de lançamento de seu mais novo livro, A Máquina de Contar Histórias, sua esposa, Viviana, falece sozinha em um hospital, vítima de um câncer.

Vida ainda é muito jovem para não gostar de seu pai com tanto fervor, porém Valentina já presenciou muitas ausências de Vinícius para perdoá-lo tão fácil assim após este episódio. Agora, o tão aclamado autor se vê perdido ao presenciar sua família se desfazendo e ele precisa fazer algo para consertar esta situação.

Apesar deste ser um livro curto, é muito impactante. Valentina odeia seu pai muito profundamente e vai ser difícil recuperar algo que, já faz muito tempo, ela não sente por ele. Por Vida ser muito nova, ela mal consegue compreender o que aconteceu com a sua mãe, então, nesta trama, considero ela uma personagem descartável. Foi bom ter a sua presença para aumentar os momentos alegres, mas não senti ela como sendo parte do foco da história.

A escrita do Maurício é fluída e suas sacadas foram ótimas, mas, talvez por possuir poucas páginas, as personagens não foram muito bem desenvolvidas e muitas partes do livro me pareceram forçadas, principalmente quando fui me aproximando do final. Porém, como este é o primeiro livro do Maurício que leio, considero um ótimo início, visto que ele conseguiu tratar uma temática pesada com uma leveza incrível.

Gostei principalmente de ele ter exposto um pouco sobre o processo de escrita dos autores. Como o Vinícius é escritor, foi pertinente ao livro acrescentar informações sobre este assunto, e eu aprovei. Nas entrevistas, Vinícius Becker dizia que a inspiração para seus best-sellers eram a sua família, esposa e amigos, porém ele estruturava tudo de acordo com livros de escrita. Era tudo feito friamente. Histórias de amor que nada tinham a ver com a vida pessoal do autor, que era um desastre.
“Uma "máquina de contar histórias" - era como Salvatore o chamava. Frio, certeiro, veloz. Emoções transcritas no papel de forma científica, como se amor, ódio, pena e saudade fossem tópicos de um fichário que ele abria, selecionava e inseria com precisão nas entranhas do texto. Competente, muito competente em seu propósito de encantar.”
Por fim, quero dizer que a leitura foi agradável e combinou perfeitamente com o momento em que a li. Espero poder ler outros livros do autor em breve.